segunda-feira, 26 de julho de 2010

Influencias do realismo no Brasil

em : 24/9/2005

Resenha crítica do livro "História concisa do Teatro Brasileiro", de Décio de Almeida Prado.


O que influenciou o realismo no Brasil (os fatos históricos e os movimentos artísticos). Qual seria o desenvolvimento do Romantismo se não fosse o rompimento deste pelo realismo.

Justificativa

A escolha do tema foi devido a razões pessoais, nenhum componente do grupo simpatiza com o realismo e apesar disto é interessante notar que a maioria da população parece gostar, já que até hoje ele é um movimento forte. Nós vamos ao teatro e gostamos de ver inovações, algo que fuja do nosso cotidiano.
Resolvemos, então, fazer uma reflexão, levantando hipóteses, de como seria o teatro se o realismo não durasse tanto tempo. Mas para isso é importante saber que os fatos históricos influenciam nos artistas, já que ambos são indissociáveis. Então para levantar as hipóteses, decidimos que seria importante entender o contexto histórico do Romantismo e do Realismo.

Desenvolvimento

Das inúmeras tentativas de originalidade ou estilo próprio procurado pelo teatro brasileiro, o mais prolongado foi o realismo. Porém, o percurso até este período também gerou diversas fontes para outras possibilidades que não precisasse ser somente este gênero. Dos melodramas, dos românticos, das comédias, dos teatros musicados e das características mais individualizadas de cada autor, resulta-se o perfil de um realismo brasileiro. Mas no seu decorrer, a impressão passada por ele é a de abandonar parte do que lhe deu origem para se fechar cada vez mais em suas próprias regras e delimitar uma maneira para um teatro com tantas misturas como é o nosso.

Por volta de 1800, o melodrama foi trazido da França para o Brasil com a novidade da reforma na declamação e arte dramática, aplicada primeiramente por Gonçalves de Magalhães. Fundiu-se da instabilidade que o autor tinha entre o classicismo e o romantismo. Transforma os recitais do palco por algo menos cansativo, porém de semelhante expressividade. Num estilo mais romântico, de ação no modo de representar. Desmedido nos gestos e emoções.

Serviu como ponte intermediária ao romantismo. Foi pouco aproveitado no Brasil, o que também pode ter sido um dos fatores influentes à imprecisão do movimento conseguinte: o romantismo nacional.

A verdade é que não é melodramaturgo quem quer, mas quem domina com precisão a chamada carpintaria teatral, a arte de preparar bem e desfechar com vigor os botes dramáticos que subjugarão o público. (Prado, D de A: História concisa do teatro brasileiro.)

Com este pequeno desenvolvimento do melodrama, a conseqüência de um romantismo “ilusório”, assim como nomeia Décio, torna-se bastante provável. Além da colaboração do próprio gênero (o melodrama) em se contentar a aceitar obras teatrais apenas como nível literário e não dramatúrgico:

Tínhamos de nos contentar, portanto, com obras teatrais publicadas sem antes passar pela prova do palco, válidas pelo nível literário, superior ao dramatúrgico. São peças não representadas na ocasião, a não ser, assim mesmo em caráter de exceção por amadores.

Um exemplo deste desvio dramático é Manoel Antônio Álvares de Azevedo, foi um fruto deste nível acadêmico superior ao prático, pois sua proposta era inovar o classicismo de modo a dar uma cadência mais formal ao romantismo que se encontrava, em parte, desestruturado. Porém, sua própria natureza reage de forma diferente do desejado quando escreve uma obra sua; Macário.

Tais tentativas de dramaturgias, tanto as de melodramas, como as de Álvares de Azevedo (após sua súbita morte, ninguém deu continuidade ao seu propósito) e outros também citados no livro História Concisa do Teatro Brasileiro, dispersaram em um momento que propiciava urgência rumo ao romantismo e a atenção era voltada a tal caráter (de aspiração à independência nacional etc.).

Os temas mais comuns no Romantismo são sobre o cotidiano, o individualismo, e o nacionalismo, que era comum devido à euforia pós Revolução Francesa e no Brasil a independência nacional.

Após o período (e durante) romântico, também se elevaram marcantes fatos históricos que restringiram algumas efervescências revolucionárias deste movimento.

A partir de 1845, houve na França uma crise no sistema capitalista e que se estendeu por todo o continente, que como conseqüência, aumentou o custo de vida, levando uma grande parcela da população à miséria. Somando a isso, pode-se citar que muitos paises viviam em regimes governamentais autocráticos. Esta situação leva a um ideal de nacionalismo por alguns. Em 1848 a situação chega ao auge e há a revolução em muitos paises da Europa Central e Ocidental, mas esta é fracassada, o motivo de tal depende de cada país e não é nosso objetivo discuti-las. Estas derrotas trouxeram certa desmotivação e desgaste para o romantismo.

É neste contexto histórico que o Realismo surge, sendo sua proposta retratar de forma verossímil o cotidiano, principalmente, da burguesia. Utiliza-se como principal tema à família, uma vez, que é vista como base da sociedade.

Para contribuir com esta verossimilhança, alguns elementos são essenciais. Tais como a interpretação do ator que se modifica, agora, ele, o ator, pode e deve ignorar o publico e até, caso seja necessário ficar de costas para ele.

Outro item importante é o cenário que deve ser um ambiente comum ao publico e, por exemplo, se for uma cozinha será igual a que o publico possui na sua casa.

O tema utilizado era atualidade. Os figurinos seguiam o mesmo padrão: roupas do cotidiano e por este motivo o realismo brasileiro foi apelidado como “Drama da Casaca”, vestimenta muito utilizada na época.

Todos estes elementos servirão para que o público se veja em cena, se identifique.

O Realismo no Brasil surge, também em conseqüência da crise econômica, neste caso a açucareira, além de outros motivos como

o crescimento do prestígio dos estados do sul e o descontentamento da classe burguesa em ascensão na época, o que facilitou o acolhimento dos ideais abolicionistas e republicanos...1

Sendo o tema da escravidão citado por muitos autores brasileiros da época. Como, por exemplo, nas peças “O demônio familiar” e “Mãe” de José de Alencar.

Outros fatores que influenciaram os autores foram os ideais que estavam surgindo na época: o positivismo, o darwinismo, o naturalismo e o cientificismo fazendo com que se voltassem para a ciência para explicar o universo.

No Brasil o Realismo inicialmente mistura-se com o drama histórico. Alguns atores lisbonenses presentes no Brasil na época possuíam amizades com escritores brasileiros, fazendo com que, de 1855 a 1865, houvesse uma união entre os atores e escritores, mas não se prolongou após este período.

Um dos mais importantes autores desta época no Brasil é José de Alencar. Para ele o teatro devia:

não apenas retratar a realidade cotidiana, mas julgá-la, aprovar e desaprovar o que estaria acontecendo na camada culta e consciente da sociedade (Prado, D de A: 1999).

Esta é outra característica do Realismo, e uma de suas fases, que é a de criticar a sociedade. Para isso utilizam-se de uma abordagem objetiva da realidade e neste ponto diferenciam-se dos românticos, que faziam uma abordagem subjetiva.

Algumas questões podem ser levantadas, por exemplo, se a Revolução de 1848 não houvesse fracassado o realismo teria existido?

Não se pode dizer ao certo, pois apesar de termos relacionado a revolução com ele, talvez esta ligação esteja errônea. Mas se levarmos em conta que o ser humano

1 – Retirado do site: http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/realismo.naturalismo1.htm

é reflexo da sociedade em que vive e vice-versa consideraríamos a relação.

Podemos criar algumas hipóteses: o realismo poderia apenas ser retardado, uma vez que ele também é influenciado pelos ideais positivistas, darwinistas e o cientificismo, que acabaria por levar a uma abordagem objetiva, mas como o povo, economicamente estaria bem, não haveria uma critica a sociedade. Indo direto as comedias de costumes.

Podemos voltar mais ainda no tempo a Revolução Francesa, na qual os ideais que se buscou, foi somente conquistado no papel, uma vez, que a população continuou na miséria (o que culminará na Revolução de 1848). Se realmente a revolução tivesse sido bem sucedida e se Napoleão não se proclamasse imperador, a população estaria em situações melhores isto se refletiria no mundo (não haveria a crise açucareira no Brasil), até quando isto duraria não é possível saber. Mas o romantismo prolongaria por mais tempo. Por causa dos ideais que já foram citados,

positivismo, darwinismo e o cientificismo, talvez o romantismo se modificaria com o tempo para agregar estes valores ou seria criado uma nova corrente.

E se estes ideais não houvessem surgido e a Revolução Francesa tivesse dado certo? Haveria, talvez, o prolongamento do romantismo, mas tudo que está muito tempo em voga um dia as pessoas cansam e novas idéias surgem.

O homem é um ser em evolução e o cientificismo um dia iria ocorrer, poderia ser retardado, mas não impedido de existir. Para tal fato ocorrer (o não cientificismo) toda a história da humanidade teria que ser modificada, deste os primórdios.

E esta hipótese que criamos é uma utopia de uma sociedade ideal e se assim fosse a população poderia se alienar. Mas a alienação dificilmente ocorre em todas as pessoas e estas utilizarão meios para criticar a sociedade. E provavelmente estes “críticos” encontrariam alguma falha no sistema que poderia levar a uma revolução. Sempre que há uma revolução ocorre uma evolução na sociedade e no individuo. Em conseqüência o teatro e todas as artes acompanham a mudança. Assim o realismo poderia não existir, mas o romantismo evoluiria e se modificaria. No Brasil, talvez, cedesse aos musicais.

Bibliografia

Prado, D de A. História Concisa do Teatro Brasileiro. EDUSP: 1999.

http://www.conhecimentosgerais.com.br/historia-geral/revolucoes-liberais.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%B5es_de_1848

http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/18482.htm

http://www.artesbr.hpg.ig.com.br/Educacao/11/interna_hpg10.html

http://www.nilc.icmc.usp.br/nilc/literatura/realismo.naturalismo1.htm

http://www.suapesquisa.com/realismo/

http://www.feranet21.com.br/artes/teatro/historia_teatro.htm

Módulo 5:
Nara Mello
Priscila Sartorelli
Tilene Carneiro

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