sábado, 2 de abril de 2011

A mobília do poema

Não in porta mais a decoração
a falta de fé esgotou a forma
e o que resta agora é o luxo
que é lixo lustrado às normas

E bem calçado, piso em bichos
fecho a porta feita de pulmão
oro ao virtual, novo feitiço
no espelho, maqueio o coração

A mesa agora virou a saia
onde leio, jogo, brinco
onde minto o grito e sirvo
brinde à lágrima de absinto

Um coro de homens é a cortina
mas a janela só quer ser livre
fugir dos armários de moralistas
e ouvir qual som toca no vidro

O banheiro é lacrimogêneo
mas lubrifica a parede ferida
pele dura,áspera e enrugada
defende o esqueleto de idas

Fios, fios e circuitos curtos
é tudo o mais que mantém a casa
vida rouca e de galhos secos
grisalha, sonha no sofá de dedos

Machinha decoreba

De coração, amor
pra mim não
é construído
nem driblado no chão

Amor é gemido
sentido no impulso
voado com ardor
sem horário avulso

Não é nem jurado
ou fingido adorador
cristo mascarado
nem se ele fosse ator

É simplesmente sendo
ser amordurecido
sexo anexo e adendo
no instane comprometido

Lábia boa só o lábio
o monólogo mentirológico
pra cima do meu lado
não vai nem pro zoológico

É só um amor, amor
que amorzinho é bom
pra homem não guardar dor
e aprender o tom da mulher

É só um amor, amor
que amorzinho é bom
pro homem quardar mais dor
e ensinar à mulher outro tom