sábado, 25 de fevereiro de 2012

A outra mariposa

Há quanto tento tempo
fazer uma seleção defeitos
Há pranto lento e vento
situação sem eleitos

Não há proveito, não rabisque o vidro quebrado...
teia de esquecimentos dói quando lustrada...
feito janela, feito pia, caixinha de fósforo com telhado
a explodir gramas de cimento

E não acabar com o concreto
mesmo se tenta pisar lento
mesmo se teimar escrever à terras fantasmas
e não acender nem o lustre donde moram palavras

Esta é a prisão do vento: não ter pra onde ir,
mesmo quando se escorre em lágrimas
pelo mundo de repetidas possibilidades
teima em fantasiar novidades encantadas

Repetir somente o que for fórmula dada
a música batida milk shake de rimas florir
a poesia cuspida popular, reza fina
a moça que dorme no ônibus

A moça que dorme no ônibus quer sorrir
mas não acorda do tombo
lombada foi o cristal no fogo
fundiu freio, pneu e o fósforo, metais de lodo

Meta do acidente pronto, embutido de gente
2012 carros dentro de um sono
coração sonhava a motor por uma serpente
que a engatilhou em infinitos rolos

De rodas ardentes pelo globo todo
mísera satélite doente, foi acordar
e preferiu esse embalo gostoso de ser bolha
mas bola resistente, o mistério lunar

Embola o céu, feito pássaro, voa-se
pra perto cada vez mais venta na ostra
cada vez mais rígida aglutina atrofiada átoma
preenchida de simples concentrado

Volta a si, mesmo no trajeto enrolado
casco timidamente brilha, lógico cristal
mas solta arame farpado
não esquece os vampiros cacos

Estrela lâmpada não sai da vidraça da hipnose
continua grávida de livres glândulas
continua nessa exatidão romântica
de dar a luz essencial aos sentidos pela quântica