segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Não Riam















Abraço de mármore
filho de celebridade
cérebro das árvores
auréola de irmandade

Síndrome turística
de viajar pelo espírito
de amar pela mística
fé doada ao lúdico

Fé na nossa fé depositada
ilusão cristã que é paga
com os braços do nada
vendido ao Brasil feito praga

E a compra é ainda mais
mais cintilante e alienada
deslumbra os feios curvos
com a corcovisão almada

Rio revire o janeiro, então
amor que fique pra fevereiro
e o povo cai do avião
mas não sai dos estaleiros

Chamados de televisão
lindezas sempre em primeiro
chuva e novenas de acusação
jorra a mídia até os paradeiros

Não quero, não à benção disso
abençoado é só o meu vício
de desacreditar primeiro
depois aceitar seus Vinicius

Sem cristianismo no que sinto
mas foda-se o corcovado
quero o morro e seu labirinto
quero abraço de gente

Ir ao socorro, não ao mito
ao faminto de voz
e estufado de ditos
mas munido e feroz

Quero você como Cristo
salvador dessa pátria
profeta só do inevitável
redentor do real durável

Recrie o amor e o astral
infernal é a carga de novelas
e celestino navio comercial
que afunda o Rio na favela

E enfurna de vez a miséria
onde há espaço pra enfiar
ali estão suas quimeras
e a força para as negar

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