quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ninguém

Materializo meu significado
para além do conceito negativo:
minha pessoa não mais terceirizo
e ainda ajudo na auto-insatisfação
de tão à toa usado ganho forma:
da solidão viro autor contratado

Agora negocio com poetas
seus delírios terapêuticos
e até suas curas existenciais
dos editores sou a moeda
dos egoístas o narcótico
transformo amantes em ideais

E a raiva pelo motor, automático?
O joelho não funciona, quebra fácil
O relógio conversa muito rápido
nada me abandona
é tudo paz muda, eterna convivência

Rodeado de solitários
nunca estou isolado
no mundo dos abandonados
mas ninguém me procura
sou sempre conseqüência

Sou a aparência
sou a pessoa em sua ausência
um fato social inerente
a uma sociedade de doentes
carentes de qualquer companhia

Mas acorda, parede!
Não fique triste, vela
O seu olhar não diz, óculos
Será que alguém me vê?
O corpo da montanha é feio
e esse chão tão sem recheio
O sofá está atrás e não corre

Se eu não mais existir
ser destruído do virtual
não ser mais só, como os homens
deixá-los enfim sós, uma concretude
arrancando a desculpa da falta do ter
maquiladora do bem
e como as outras velhas crenças também morrer?
Suicidar-me para os corresponder

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