quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Macha-fêmeo (Tetralogia)

I
Boneca de Casa

Ela vai se perder
eles já estão lá do outro lado
o quanto mais afastados de você

Largaram a tua carga de silicone, não agüentaram
e até precioso e ajeitado como era teu nome, foi desmontado
Desmanchou-se o lindo molde maquiado

Ventou no seu ar, toda penteado
voa alienada pelo sopro deles
o chão entrelaça-os, masturbados
por estruparem o espelho, apaixonados

Reservados, por eles és discriminada
Desatada à vida, ex-tragada
Jamais dará novamente a luz
Eterna mãe da má sorte
Iluminada à morte, apagada?

Quem irás te acolher?
Eles já se colhem pelo cu
escancarando o próprio buraco
Tu és a queda, o furo de reportagem
Abismo entre as margens
donde nascem, passam e a pisoteiam
as outras entregas de luz


II
Boneca do Circo

Acordada
De acordo com meu quarto
um circo de sonhos
e sonambulismo

Da menina, macacada
sumindo dentro do macacão
é que será apresentada,
sras. e srs., riam de montão:

Automatismo
Não me estico
A minha cara tem um dom
de palhaça, inteira pintada

E o espetáculo começa
abrem-se as cortinas do quarto
a luz do sol se manifesta
a bela aparece no dito teatro
eis a piada da peça!

Primeiro a peruca lisa
depois ela pinta a testa
pó e batom é o que precisa
pra ficar pronta a Monalisa

Do palco sobe no circo
mostra saber contar os números:
Cara de pau da perna
de salto-alto mortal

Acordada
De acordo com
meu quarto um circo
de sonhos e sonambulismo

Lá continua ela e todos riem
da manga tira um pijama
o truque da mágica a leva pra cama
Assim recomeça, repetidas cortinas:
peças numerosas de testas piadistas

Automatismo
Não me estico
A minha perna tem um dom
De palhaça, inteira pintada


III
Circuito das Bonecas

Não sairão da feira
para animar a festa
para odiar o que resta
para repor a fruteira

Nem plantarão bananeira
e colherão os seus gritos
e anunciarão esse infinito
e da história, pipoqueiras

Não serão só faladeiras
mas escandalizarão o circo
mas assistirão todo o mico
mas aos palhaços, brincadeira


IV
A Renascença sexual

A cabeça dos homens vendida
desvirgina a união que no grito vira uno:
todos únicos desgraçados

Hora de dez aparecerem
com elas mandamentos
fio delicado da vida

cabelos cálice com Ali se
aqui está você
ex-piada prendada
espada você fada

Vara esse condão
fadado o falsto é fauso
o estopim do seu rojão
é inverter o holocausto

Ele pactua o pensar sobre nós
condicionado a um trazeiro
ela já apronta seu travesseiro
dorme, ronca, mas ouve a voz

que o atormenta ao cantar
porque niná-lo tenta
o bicho que é só rebeldia
vem do colo que orienta.

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