sábado, 2 de abril de 2011

A mobília do poema

Não in porta mais a decoração
a falta de fé esgotou a forma
e o que resta agora é o luxo
que é lixo lustrado às normas

E bem calçado, piso em bichos
fecho a porta feita de pulmão
oro ao virtual, novo feitiço
no espelho, maqueio o coração

A mesa agora virou a saia
onde leio, jogo, brinco
onde minto o grito e sirvo
brinde à lágrima de absinto

Um coro de homens é a cortina
mas a janela só quer ser livre
fugir dos armários de moralistas
e ouvir qual som toca no vidro

O banheiro é lacrimogêneo
mas lubrifica a parede ferida
pele dura,áspera e enrugada
defende o esqueleto de idas

Fios, fios e circuitos curtos
é tudo o mais que mantém a casa
vida rouca e de galhos secos
grisalha, sonha no sofá de dedos

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