Qualquer suco de melancia
já me deixa tonto
porque comida é terapia
onde enfim desmonto
Cerveja, morango, amor, batatas
tudo me resta comer
valer o viver de morrer às baratas
e devorar qualquer sofrer
Desejo de demasia nas migalhas
re produção progre e agressiva
máquina autótrofa de facas
garfadas no suor dos olhos
Tempero na salada de árvores
ao molho de enchentes de lama
gado assado no forno à queimadas
na bandeja do pasto de Roraima
Pré-sal à gosto de quem devora
cana, cevada, soja, eletricidade
tem boca faminta à qualquer hora
com sede de beber nossa energia
Suco de hidrelétricas no canudinho
mas agite bem antes de usar
vem com gás natural da metrópole
retire a tampa sem o lacre quebrar
A sobremesa é servida à rolê
um rolê pelo Faustão,
cochão duro à venda na TV
pastéis e lasanhas de presuntos
Limpe a boca com papel jornal
a sujar a boca mas passar o pano
a poeira no dente do Pantanal
arrancada no madeiral do palito
Mas a delícia maior é a miséria
o doce morro de açúrar e flocos
flocos bombas de bala crocantes
cristais motores em bloco
Esbaldam-se as crianças gulosas
distraídas pelos carrinhos
assim comem tudo, mães orgulhosas!
Crescem cada vez mais fortinhos!
Cada vez mais carinhos
quantos caros miudinhos
o amor não tem distância
pra quem tem seu carrinho
O amor não tem arrogância
pra quem mata de fininho
prepara o bote com elegância
depois come com nosso jeitinho
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